Jan

10

Fonte: Segs / Gazeta Mercantil

Os PGBLs (fundos de previdência privada) e VGBLs (seguro de vida com plano de aposentadoria), tradicionais investidores da renda fixa, estão caminhando a passos largos em direção da renda variável. Ambos são planos para aposentadoria, comercializados pelas seguradoras e podem ser feitos tanto por pessoas físicas quanto por empresas que ajudam o funcionário a fazer o pé de meia para a aposentadoria.

Até novembro deste ano, os investimentos dos PGBLs e VGBLs atingiram R$ 3,44 bilhões, quase o dobro (189%) do volume que tinham na renda variável em dezembro de 2006. É o que mostra pesquisa realizada pela consultoria NetQuant em parceira com a Towers Perrin, com 250 fundos. O valor se refere ao dinheiro que está aplicado exclusivamente em ações nas três modalidades de PGBL e VGBL: os planos compostos que podem aplicar 15%, 30% e 50% do seu patrimônio em ações. O patrimônio total desses fundos, incluindo a parte referente à renda fixa, alcançava R$ 18,77 bilhões em novembro.

Um número crescente de investidores vem demonstrando um apetite cada vez maior por aplicações de risco, respondendo à expressiva valorização da Bolsa de Valores e à visibilidade que o mercado de ações ganhou neste ano. Isso traz uma nova realidade para o setor e deve colocar na pauta do dia a discussão para flexibilizar os percentuais que esses fundos podem aplicar em ações.

A alteração terá efeito imediato no bolso de quem faz previdência privada. Com os atuais limites, não é possível ao investidor aproveitar toda a rentabilidade que as ações têm proporcionado. Nenhum dos fundos com ações pode aproveitar a rentabilidade do IBRX (principal parâmetro da renda variável), que atingiu 45,7% em nove meses do ano, afirma Marcelo Nazareth , presidente da NetQuant. Conforme a pesquisa, os fundos que podem aplicar até 50% em ações conseguiram uma rentabilidade de 18,7%, na média dos 250 fundos.

Mudanças à vista

A possibilidade de mudanças tem sido discutida pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conta Osvaldo Nascimento, diretor-executivo responsável pela operação de seguro, previdência e capitalização do Itaú, o segundo maior patrimônio da previdência privada.Nascimento defende que o limite para aplicar em ações seja por seguradora e não por fundo como ocorre atualmente. “A seguradora poderia, por exemplo, aplicar 70% do patrimônio em ações.” Do jeito como está hoje, as seguradoras não conseguem sequer aproveitar todo o potencial permitido pela regulamentação para as aplicações em renda variável. “Não dá para colocar 50% em ações porque, com a oscilação da Bolsa, a aplicação pode ficar desenquadrara a qualquer momento”, acrescenta Nascimento.

Outras mudanças também são desejáveis. Entre elas a permissão para aplicar no exterior e para investir em ações da própria empresas. “Os planos empresariais teriam muito a ganhar se o fundo pudesse aplicar em títulos de países que reflitam as condições econômicas emparelhadas com as empresas que estão aqui”, afirma. No caso das aplicações em ações da própria empresa, Nascimento diz que seria mais um ponto para que haja isonomia na previdência complementar. “Os fundos fechados podem aplicar até 8% em ações da companhia patrocinadora do fundo”, lembra.

Consciência do risco

Aplicar em ações traz mais risco e demanda uma maior profissionalização de quem vende e também mais conscientização de quem compra. O risco dos compradores de um fundo de previdência tem que ser proporcional a sua idade. “O apetite pelo risco tem que ser maior quanto menor for a idade de quem está fazendo poupança para a aposentadoria”, afirma Nascimento.

Este mês, é esperado um aumento mais acelerado da captação do PGBL, devido à programação para o Imposto de Renda. O PGBL permite que o investidor desconte do seu IR a pagar o equivalente a 12% do volume aplicado no fundo. Até novembro, a captação atingiu um patrimônio R$ 87,85 bilhões.